Entenda como funciona a espectroscopia por ressonância magnética

O método de espectroscopia por ressonância magnética (ERM) foi implementado nos anos 90 e rapidamente se firmou como método adicional de diagnóstico por imagem em doenças neurológicas encefálicas, fornecendo informações sobre o perfil bioquímico dos tecidos cerebrais normais e patológicos.

Equipamentos de RM de baixo campo, processamento não automatizado e longos tempos de aquisição das imagens, impediram, no início, uma rápida expansão do método. Com a evolução dos equipamentos, automatização do procedimento e maior facilidade de implementação das técnicas, houve ampla utilização da espectroscopia como ferramenta adicional no diagnóstico por imagem.

Durante muitos anos a espectroscopia por ressonância magnética (ERM) foi de grande utilidade no diagnóstico diferencial de tumores, na graduação de malignidade dos tumores gliais cerebrais, de processos inflamatórios cerebrais, no diagnóstico precoce de abcessos cerebrais não tratados e de infartos isquêmicos agudos, bem como no diagnóstico de doenças metabólicas e degenerativas cerebrais.

Atualmente, a espectroscopia por ressonância magnética continua a ser utilizada em doenças metabólicas e degenerativas do SNC, no diagnóstico diferencial dos estados demenciais, de processos inflamatórios e neoplasias, na graduação de malignidade dos tumores cerebrais e no diagnóstico diferencial de tumores do SNC, cujos traçados costumam ser mais ou menos característicos, como linfomas e meningiomas.

Em neoplasias heterogêneas do SNC, a espectroscopia é de grande importância por colher amostras de diversas áreas do tumor, menos e mais diferenciadas, e com isto guiar eventuais procedimentos de biópsia, além de obter informações do grau de invasividade dos tumores cerebrais, facilitando a distinção de metástases e tumores primários do encéfalo.

As técnicas mais usadas de espectroscopia por ressonância magnética são:

1- Voxel único (Single Voxel ou SV)

2- Múltiplos voxels (Multi Voxel Spectroscopy, MVS ou EMV).

Confira em detalhes abaixo.

1 – Espectroscopia de Voxel Único (SV ou EVU)

Utilizada com maior frequência no passado, a técnica de espectrospia com voxel único (SV), tem sido usada atualmente como ferramenta adicional na investigação de estados demenciais, colhendo amostras de voxel colocado em diferentes partes do sistema nervoso mais vulneráveis ao processo degenerativo, em especial no cíngulo posterior (doença de Alzheimer), utilizando tempo de echo curto (30ms), para avaliar comportamento do aminoácido Mio-inositol  (um aminoácido considerado marcador glial –  Mio) e sua relação com a creatina (Mio/Cr) e com o N-Acetil Aspartato (NAA/Mio).

Na espectroscopia de voxel único (SVS ou EVU), o sinal de RM é maior e tem traçado com informações de metabólitos mais precisas, utilizando tempos de echo de 30 e de 144ms. A técnica de voxel único continua importante no diagnóstico de lesões cerebrais com efeito de massa (tumores, processos inflamatórios), porém mais usada para lesões homogêneas e bem delimitadas

Fig1a – Espectroscopia de Voxel Único (EVU) em doença de Alzheimer. Voxel único colocado na altura do giro do cíngulo posterior, mostra elevação dos níveis de Mio-inositol e redução da relação NAA/Mio, que se encontra em torno de 1,95, abaixo dos padrões de normalidade (normal = >2,50), aumento da relação Mi/Cr, em torno de 0,66 (normal= <0,50), sem haver redução da densidade neuronal (NAA/Cr=1,42).
Fig1b – Voxel colocado no cíngulo posterior mostra traçado normal, com níveis normais de Mio-inositol, cholina, creatina e NAA.
Fig2 – Espectroscopia de Voxel único (EVU) em meningioma implantado na dura-máter da convexidade frontal esquerda. Lesão com contornos regulares, razão pela qual foi utilizado voxel único. O traçado mostra acentuada elevação dos níveis de cholina e ausência de NAA, o que caracteriza lesão tumoral extra-axial (meníngea).

2 – Espectroscopia de Múltiplos Voxels (MVS ou EMV)

Hoje, a técnica de espectroscopia de múltiplos voxels (MVS) é utilizada com maior frequência, geralmente com tempo de colheita de echo em 144 ms, mas podendo ser utilizado tempos de echo mais longos (288ms), para “limpar” o traçado e quando se deseja obter somente informações dos metabólitos NAA, creatina e cholina.

A técnica de MV tem maior área de abrangência, se aplica melhor para lesões heterogêneas e tem maior resolução para pequenas lesões, devido à possibilidade de usar mini voxels (voxels de pequeno porte). A técnica de múltiplos voxels (MV) evidencia áreas de maior ou menor diferenciação em tumores cerebrais heterogêneos, o que permite direcionar procedimentos por biopsia e é de suma importância na avaliação de invasividade de tecidos cerebrais vizinhos a lesões tumorais.

A técnica de MVS é fundamental na distinção de tumores primários de alto e de baixo grau e na distinção de tumores primários do SNC e implantes metastáticos, cuja distinção nem sempre é fácil por métodos de RM convencionais.

Fig3a,b – Espectroscopia de Múltiplos Voxels (EMV) em caso de glioma de alto grau (Astrocitoma  anaplásico – III) frontal esquerdo. Traçados de mini voxels colocados no interior e no tecido cerebral vizinho (a, b), para avaliar grau de invasividade tumoral mostram níveis elevados de cholina dentro e fora da lesão.

Fig3c,d – Espectroscopia de Múltiplos Voxels (EMV) em caso de glioma de alto grau (Astrocitoma  anaplásico – III) frontal para sagital esquerdo. Traçados de mini voxels colocados no interior e no tecido cerebral vizinho para avaliar grau de invasividade tumoral mostram níveis elevados de cholina dentro e fora da lesão redução do NAA (c) e acúmulo de lactato(d).

A figura acima apresenta mapa de metabólitos (cholina e NAA) que mostram redução de NAA por substituição de tecido normal por células neoplásicas e acúmulo de cholina por proliferação celular glial (c). Também o mapa de metabólitos (cholina e lactato), mostra, além de acúmulo de cholina, a presença de lactato, inferindo hipóxia intratumoral (d).

Aqui na Ecomax, disponibilizamos essa importante e moderna tecnologia para ser empregada em aplicações como:

– Doenças degenerativas e estados demenciais cerebrais;

– Diagnóstico diferencial de lesões isquêmicas atípicas e neoplasias cerebrais;

– Diagnóstico diferencial de neoplasias e processos inflamatórios cerebrais;

– Diagnóstico diferencial de neoplasias gliais de alto e de baixo grau do SNC;

– Avaliação do grau de invasividade ou infiltração tumoral em tecidos cerebrais vizinhos a neoplasias;

– Diagnóstico diferencial de neoplasias primárias e secundárias do SNC;

– Diagnóstico diferencial de neoplasias intra e extra-axiais do SNC;

– Diagnóstico diferencial de recidiva tumoral e radionecrose tecidual;

– Avaliação de resposta terapêutica em neoplasias cerebrais.

Entre em contato conosco para esclarecer quaisquer dúvidas sobre a espectroscopia por ressonância magnética. Estamos à disposição!

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