Parar de fumar é um passo importante para a saúde de qualquer fumante. Mas se na teoria a solução pode parecer simples, quem tenta largar o vício sabe que se trata de uma longa jornada, cheia de obstáculos e mudanças de pensamento e comportamento. Apesar das dificuldades, largar o vício é fundamental: segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), todos os dias morrem 428 no Brasil em decorrência do tabagismo.
Porém, a nicotina é uma substância poderosa, que ativa regiões do cérebro ligadas à sensação de prazer e é por isso que largá-la é uma tarefa tão difícil. Para ajudar quem pretende ou conhece alguém que gostaria de parar de fumar, listamos alguns passos:
1. Compreender o motivo para largar o vício
O primeiro passo para parar de fumar é querer. Pode parecer óbvio, mas é importante lembrar deste aspecto pois é algo que costuma frustrar familiares e amigos de fumantes que pedem para que eles larguem o vício. Até quem tem muita força de vontade enfrenta dificuldades em largar o vício e, se não houver um motivo maior, é muito provável que ele volte a fumar. Listar ou ter em mente um forte motivo para parar de fumar é aquilo que irá ajudar o fumante nos momentos mais difíceis da abstinência. Quantas pessoas você conhece que decidiram largar o cigarro após enfrentarem algum problema de saúde? O ideal é que não chegue a este ponto, mas não deixa de ser uma motivação legítima. Entre alguns motivos frequentes parar abandonar o vício podemos citar: evitar alguma doença, gravidez (tanto da gestante como do parceiro), poupar dinheiro e dar o exemplo para o filho.
2. Parar de fumar de acordo com o seu grau de dependência
Você já deve ter ouvido histórias sobre pessoas que simplesmente pararam de fumar de uma vez só e de outras que precisaram passar por um processo gradativo. Cada pessoa tem seu ritmo e suas motivações, mas de forma geral recomenda-se que fumantes com alto grau de dependência façam a parada gradativa e aqueles com dependência leve e moderada parem de uma vez. Mesmo com a parada gradativa, que alivia o mau humor provocado pela abstinência de nicotina, é importante ter um prazo definido para parar de vez, preferencialmente de no máximo quatro semanas. Neste método é recomendada a diminuição de 25 a 30% da quantidade de cigarros diários a cada semana (em relação à semana anterior). Para o abandono gradual do vício também podem ser utilizados acessórios como adesivos ou gomas de nicotina, que ajudarão nas crises de abstinência. Basta estar atento às orientações da bula e, se necessário, conversar com um médico a respeito.
3. Cortar a relação de cigarro e prazer
Além do próprio vício provocado pela nicotina, um dos fatores que torna largar o cigarro uma tarefa tão difícil está associada ao hábito em si. Normalmente o fumante associa o cigarro a momentos de prazer, como a cerveja com os amigos ou à pausa no trabalho. A ideia aqui é retirar o cigarro destes momentos agradáveis e só se permitir fumar em situações que não promovam prazer. Um exemplo é ir fumar em pé e sozinho na área de serviço, por exemplo (preferencialmente sem o smartphone também). Desta forma o fumante entenderá melhor como funciona o vício, já que não há elementos que proporcionem prazer nessas circunstâncias. Isso fará com que ele pense duas vezes antes de sair de um local confortável somente para ficar em pé fumando, sem distração alguma.
4. Encontrar uma distração para o hábito
Quando o fumante já está tentando largar o vício a abstinência pode se manifestar por algo que os médicos chamam de fissura. Tratam-se de episódios curtos, que duram poucos minutos, mas que para o fumante parece ser impossível continuar sem fumar. A solução quando isso ocorrer é manter a boca ocupada com outra coisa, como beber um copo de água e chupar uma bala ou ainda dar uma volta. Saber que este episódio durará dois ou três minutos também ajuda a superá-lo.
5. Evitar álcool e cafeína
Como mencionamos no item 3, a ingestão de bebida alcoólica pode estar associada ao ato de fumar por uma questão de hábito, algo que proporciona prazer ao fumante. Mas também há uma explicação científica para isso: o álcool desencadeia uma série de processos químicos que aumentam a vontade de fumar. Além disso, ir para um bar onde outras pessoas estejam fumante pode parecer ainda mais tentador e difícil de superar. Da mesma forma age o café, por isso, o recomendado é diminuir a quantidade, optar pela versão com leite e ainda substitui-lo por água ou chás.
6. Praticar atividades físicas
Há mais de um motivo para a prática de atividades físicas ajudarem fumantes a largarem o vício. Um deles é que o exercício libera os mesmos neurotransmissores associados à sensação de bem-estar que a nicotina. Ou seja, quando sentir vontade de fumar uma caminhada pode ajudar a pessoa a se sentir melhor sem o cigarro. Além disso, se a pessoa levar a atividade física a sério e transformar isso num hábito, vai perceber que o seu rendimento é bem melhor sem o cigarro e isso pode servir como um incentivo extra.
7. Procurar ajuda médica
A partir do momento em que entendemos que o tabagismo é uma doença e não apenas uma questão de hábito é preciso tratá-lo como fazemos com outras condições clínicas: com ajuda médica. Há quem consiga parar de fumar sozinho e isso já ajuda bastante na saúde daquele indivíduo. No entanto, para aqueles que acham um processo muito difícil ou que até já tiveram experiências anteriores sem sucesso, a ajuda médica pode ser crucial. Isso porque o médico pode indicar o uso de medicamentos que ajudam a atenuar os sintomas da abstinência.
Além de todos estes passos, abandonar um vício se torna muito mais fácil quando o dependente conta com o apoio de família e amigos. Portanto, se você tomou esta decisão, comunique às pessoas próximas para reafirmar o compromisso e para que elas possam ajudá-lo nesta caminhada. A sua saúde agradece.