Apresentar gordura no fígado é normal, já a quantidade exagerada é que causa problemas. A esteatose hepática é uma doença crônica do fígado causada por um percentual que excede 5%, um índice de gordura além do desejável.
A esteatose hepática é a doença de fígado mais frequente do planeta, atingindo aproximadamente 25 a 35% de toda a população. Entre pacientes com obesidade, os níveis da doença chegam a 80%, enquanto entre consumidores frequentes de álcool o percentual beira os 100%.
Esta patologia tem diferentes graus de gravidade, sendo que a esteatose é um estágio anterior à esteato-hepatite, uma forma mais delicada da doença pois pode acarretar lesões ao órgão e evoluir para uma cirrose hepática, fase gravíssima em que o fígado pode entrar em falência.
Por que se acumula a gordura no fígado?
Como vimos acima, o acúmulo de gordura no fígado é algo corriqueiro, sendo que até 5% do peso do órgão é composto por diversos tipos de gordura, como ácidos graxos, colesterol e triglicerídeos, por exemplo. No entanto, o excesso de gordura, aí sim prejudicial, pode ser ocasionado por diversas condições, sendo uma das predominantes o uso exagerado de bebidas alcoólicas.
O consumo pesado de álcool é a principal causa de esteatose hepática. É difícil identificar qual é a quantidade “ideal” para beber sem riscos, porém estima-se que sejam necessários algo em torno de 40g de álcool por dia por, no mínimo, 10 anos para que o indivíduo apresente um risco elevado de desenvolver a doença. Esta quantidade de álcool equivale a cerca de 3 a 4 copos de cerveja ou taças de vinho, por exemplo.
No entanto, é preciso ir além e compreender que existem outros importantes fatores de risco para a doença, que não necessariamente possuem relação com a ingestão crônica de álcool. A ciência e a medicina ainda não decifraram o porquê de certos indivíduos desenvolverem esteatose hepática não alcoólica, mas algumas doenças estão aparentemente associadas a esse fato, como:
– Obesidade: quanto maior for o sobrepeso, maior será o risco para a esteatose;
– Diabetes Mellitus: também conhecido como diabetes tipo 2, esta condição e a resistência à insulina estão associadas ao acúmulo excessivo de gordura no fígado;
– Colesterol elevado: especialmente altos índices de triglicerídeos;
– Uso de certos tipos de medicamentos: vários remédios podem favorecer a esteatose, como corticoides, estrogênio, amiodarona, antirretrovirais, Diltiazem e Tamoxifeno;
– A perda de grande quantidade de peso de maneira muito rápida e a desnutrição;
– Apneia obstrutiva do sono;
– Hipotiroidismo;
– Gravidez;
– Cirurgias abdominais, como “by-pass gástrico”, remoção da vesícula e de partes do intestino.
A esteatose hepática tem uma tendência maior de acometer as mulheres, provavelmente relacionando-se com a ação do hormônio estrogênio no organismo.
Existem sintomas que denunciem a esteatose hepática?
Um dos grandes motivos que impactam a gravidade desta condição é o fato de ser silenciosa. A esteatose hepática geralmente não manifesta sintomas no corpo de seus portadores.
Alguns pacientes podem reclamar de fadiga excessiva e sensação de peso na parte direita superior do abdômen, no entanto, não existem provas de que estes indícios estejam realmente relacionados à gordura no fígado. Uma das maneiras mais comuns de detectar a doença é através da identificação do aumento do tamanho do órgão, através de exames físicos em pacientes em estágios mais avançados da doença. Nestes casos, é comum haver dor e desconforto na área do fígado.
Exames que detectam a gordura no fígado
Por ser uma doença silenciosa nos seus primeiros estágios, o diagnóstico da esteatose hepática geralmente é feito por acaso, ao longo de check-ups e da observação de exames de imagem, como a tomografia computadorizada ou o ultrassom. A ressonância magnética também pode trazer informações mais precisas e específicas sobre o comprometimento do órgão.
Ao se verificar uma fase intermediária ou avançada da doença, com componente de fibrose, a elastografia e a biópsia hepática podem ser indicadas.
Além destes exames, a avaliação do histórico clínico do paciente, exames físicos e de laboratório são fundamentais para detectar e acompanhar a doença.
Esteatose hepática tem tratamento?
A comunidade de pesquisa médica se debruça para investigar tratamentos que controlem a esteatose hepática. Alguns dos métodos mais eficientes para melhor administrar a doença são:
1. Perda de peso
Esta é a medida mais eficiente para controlar a esteatose hepática. Uma diminuição de cerca de 7% no peso corporal do paciente já traz resultados excelentes na regressão do acúmulo de gordura no fígado. Através de exercícios físicos e uma dieta com controle de calorias, o emagrecimento lento, porém definitivo, é a melhor forma de combater a doença. No entanto, caso o portador obeso não perca peso de forma relevante, pode ser indicada a cirurgia bariátrica.
2. Suspensão da ingestão de álcool
É fundamental que o portador da esteatose hepática pare definitivamente de consumir álcool a fim de evitar a progressão para estágios mais graves. Como não é possível saber qual é a quantidade segura de álcool que possa ser ingerida, recomenda-se a reeducação do paciente, principalmente dos usuários mais habituais.
3. Controle de complicações cardíacas
Reduzir complicações cardíacas é muito importante para quem acumula gordura no fígado. Além da perda de peso e de atividades físicas, controlar os níveis da pressão arterial e parar de fumar são medidas importantes a serem implantadas. Além disso, o uso de remédios para colesterol alto também pode ser indicado, não para a esteatose em si, mas para a diminuição do risco de doenças do coração.
4. Vacinação contra hepatites virais
Portadores da doença apresentam um quadro mais desfavorável na recuperação caso se infectem com hepatites virais, portanto, indica-se a vacinação completa contra hepatites A e B àqueles que ainda não foram imunizados. A hepatite C ainda não possui vacina. A imunização não afeta a esteatose, mas serve para proteger o paciente de problemas de fígado secundários.
5. Descontinuação de remédios prejudiciais
Se a causa da excessiva gordura no fígado do paciente for proveniente de efeitos colaterais de medicamentos, pode ser recomendável, mediante sugestão médica e sempre que viável, a descontinuação desses remédios.
O tratamento da esteatose hepática através de medicamentos pode ser controversa. As pesquisas indicam que nenhum deles, até agora, conseguiu reunir provas científicas consideráveis para certificar sua eficácia e indicá-los especificamente para a terapêutica de pacientes no geral. Atualmente, cada caso deve ser analisado de acordo com o histórico do portador, dependendo de outras possíveis patologias que ele carrega e da gravidade da esteatose detectada.
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