A esclerose múltipla é uma doença neurológica inflamatória crônica e autoimune complexa, com amplas manifestações clínicas e, por isso, difícil de ser diagnosticada. De causa ainda desconhecida, a esclerose múltipla afeta prioritariamente jovens de 20 a 40 anos, sendo mais comum em mulheres caucasianas.
Estima-se que no mundo a cada 100 mil habitantes, 33 sofram com ela. Já no Brasil, a estimativa da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem) é de que há aproximadamente 35 mil pessoas que convivem com a doença.
Por afetar o neuroeixo (sistema nervoso central), ela pode danificar o cérebro e a medula espinhal, ocasionado lesões que têm como principais manifestações/sintomas: fadiga, formigamento ou queimação nos membros, visão embaçada, dupla ou perda da visão, tontura, rigidez muscular, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio e coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga.
Existem inúmeras doenças que podem gerar sintomas semelhantes aos da esclerose múltipla. Portanto, para que seja possível realizar um diagnóstico preciso, o recomendado é conciliar o histórico pessoal, exame físico detalhado realizado pelo médico especialista com o resultado de exames laboratoriais e de imagem.
Como acontece a lesão ao tecido cerebral
Para entender como ocorre a esclerose múltipla, o primeiro passo e conhecermos a mielina, uma substância cuja função é fazer com que o impulso nervoso percorra os neurônios. A perda desta substância leva à interferência na transmissão dos impulsos elétricos, provocando diversos sintomas da doença. Este processo é chamado de desmielinização.
A perda da mielina causa um processo inflamatório que, com o tempo, irá culminar no acúmulo de incapacitações neurológicas. A inflamação irá evoluir para uma cicatriz (esclerose significa cicatriz), que não apresentará a mesma função do tecido original. Com isso, o paciente perde a função dos tecidos em diferentes momentos e zonas do sistema nervoso central (por isso a chamamos de esclerose múltipla).
Clinicamente, é possível que os pacientes se recuperem total ou parcialmente das sequelas geradas durante os surtos da fase ativa da doença, durante o processo de desmielinização.
O papel da ressonância magnética para o diagnóstico
Dentre os exames realizados, a ressonância magnética permite uma análise mais minuciosa e precoce das lesões, além de contribuir para excluir outras possibilidades, como doenças vasculares, inflamatórias, infecciosas, tumorais e degenerativas. Também é fundamental no acompanhamento da evolução da doença e tratamento, indicando estabilidade e progressões da mesma.
Saiba mais sobre o exame de ressonância magnética
Tratamento da esclerose múltipla
Após realizado o diagnóstico, o tratamento terá como foco principal a redução da atividade da doença, ou seja, atuando na fase inflamatória das lesões e num segundo momento a reabilitação, após o estabelecimento dos danos/sequelas.
Apesar de ainda não existir a cura para a esclerose múltipla, seguir o tratamento recomendado pelo médico é uma forma de permitir aos pacientes ser independentes e de garantir uma vida mais confortável e produtiva.