Localizada na altura do pescoço, a tireoide é uma glândula que fica na frente dos anéis da traqueia. Em forma de H ou de um escudo, ela consiste num istmo central com dois lobos, um de cada lado. Aliás, a tireoide recebe este nome da palavra grega thureós, que significa “escudo”.
A glândula tireoide auxilia no controle do metabolismo de diversos sistemas corporais, com influência nos batimentos cardíacos, movimentos intestinais, capacidade de concentração, tônus da musculatura, regulação de ciclos menstruais, do humor e da respiração celular.
O hormônio da tireoide se chama tiroxina e é fundamental para o metabolismo. Ou seja, percebe-se por que esta glândula é tão importante para o bom funcionamento do corpo. Justamente por isso, as pessoas e a comunidade médica estão mais atentas aos seus principais distúrbios: hipotireoidismo (baixa ou nenhuma produção de hormônios) e hipertireoidismo (produção excessiva de hormônios).
Diante disso, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre a glândula em si, problemas associados aos seus distúrbios e até mesmo ao câncer que pode ocorrer na tireoide. A seguir, respondemos algumas destas perguntas:
Por que mais pessoas parecem ter hipotireoidismo ou hipertireoidismo atualmente?
Saber de mais casos de distúrbios da tireoide pode dar a falsa impressão de que hoje estes problemas são mais frequentes. Hoje em dia há uma procura maior por avaliações médicas e exames. Os métodos diagnósticos, tanto laboratoriais como de imagem, também estão cada vez mais modernos e eficazes, detectando alterações que no passado poderiam passar despercebidas. Com isso, o número de pessoas diagnosticadas com alterações mínimas aumentou.
Quais os principais sintomas do hipotireoidismo?
Pensar mais lentamente, tendência à depressão e à sonolência podem ser sinais da diminuição de produção de hormônios da tireoide. Também há maior disposição de líquidos no corpo, causando o edema característico do mixedema. O aumento de peso costuma ser resultado deste edema do que propriamente do acúmulo de gordura. A pele pode ficar fria e seca e os reflexos da pessoa mais lentos. Nas mulheres pode haver alterações menstruais e nos homens a redução da libido. Porém, frisamos a necessidade de buscar um médico e realizar exames, pois estes sintomas podem estar associados a outras causas, não somente ao hipotireoidismo.
O que mede o exame de TSH?
A sigla significa Thyroid Stimulating Hormone, ou Hormônio Tireoestimulante. Trata-se de um hormônio fabricado pela hipófise, uma glândula que fica no meio do cérebro e controla o funcionamento de várias outras glândulas, como é o caso da tireoide. O funcionamento é por mecanismo de feedback. O TSH estimula a tireoide a produzir os hormônios T4 e T3 que, uma vez fabricados, inibem a produção de TSH.
Caso a produção destes hormônios seja prejudicada, haverá aumento de TSH para tentar corrigir esta deficiência.
Problemas da tireoide são mais frequentes em mulheres?
Sim. Abaixo dos 45 anos, 7,5% das mulheres apresentam distúrbios associados à tireoide, contra apenas 3% dos homens. Acima dos 45 anos o percentual sobe para 10% e aos 75 anos para 20%. A proporção é de cinco, seis ou sete mulheres para cada homem.
Quem deve incluir o TSH nos exames de rotina?
Qualquer pessoa que tenha uma suspeita clínica pode realizar o exame de TSH. Porém, ele passa a ser recomendado como um teste de rotina para pessoas acima dos 40 anos de idade, principalmente porque no hipotireoidismo subclínico podem surgir sintomas como cansaço, depressão leve e falta de iniciativa. O ideal é que este diagnóstico seja feito nesta fase, para melhores resultados de tratamento. Pessoas que tiverem histórico de distúrbios na tireoide na família devem realizar o TSH até mais jovens.
Quais exames de imagem são utilizados para detectar câncer de tireoide?
Ultrassom: por meio de ondas sonoras são produzidas imagens em tempo real de órgãos, tecidos e do fluxo sanguíneo. A glândula tireoide é facilmente examinada por este método, já que está localizada superficialmente, poucos milímetros abaixo da pele. O ultrassom ajuda a determinar alterações no seu tamanho, cor, formato, aspecto e vascularização e a presença de nódulos. Vale salientar que é através das características do nódulo (como tamanho, formato, composição, regularidade de margens, vascularização) que podemos predizer a chance de este nódulo estar ou não relacionado a um câncer. O exame permite dizer também sobre o acometimento de gânglios linfáticos da região.
Biópsia: o diagnóstico conclusivo do câncer de tireoide só é possível com a realização de uma biópsia, guiada por ultrassom. Neste procedimento, o médico remove uma amostra do tecido que será enviada para análise. Esta remoção de tecido é feita por meio de uma agulha fina que aspira as células do tumor, para saber se elas são benignas ou malignas.
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Exames de mamografia podem causar câncer de tireoide?
Não. O aumento dos casos de câncer de tireoide ocorre pelo mesmo motivo do aumento dos diagnósticos de distúrbios da glândula: estão sendo realizados mais exames para esta investigação. No passado, os casos suspeitos que eram investigados a fundo dependiam do exame clínico de palpação da glândula. Porém, nem sempre os nódulos eram palpáveis. Com o exame de ultrassom, a análise se tornou mais sensível, detectando nódulos menores e menos evidentes.
O fato de este tipo de câncer ser mais comum em mulheres também não tem relação com os exames de mamografia, mas sim com o fato de que elas costumam apresentar muito mais distúrbios na tireoide do que os homens.
Segundo o Colégio Brasileiro de Radiologia, a dose de radiação para a tireoide durante um exame de mamografia é muito baixa e não apresenta risco à saúde. A Comissão Nacional de Mamografia, formada por diversas entidades médicas, também já publicou nota afirmando que o exame é seguro e que o protetor de chumbo usado para proteger a tireoide tem mais efeito psicológico, que seu uso não é obrigatório e inclusive não é recomendado, porque pode interferir no posicionamento da mama e atrapalhar o exame. Ele só deve ser oferecido quando solicitado pela paciente.
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