A comunicação com o paciente é fundamental para a segurança e a tranquilidade durante e após o atendimento médico. Termos complicados ou frases complexas muitas vezes dificultam o entendimento por parte do paciente e, consequentemente, há repercussão na sua adesão a eventuais tratamentos.
O principal cuidado tanto do médico como da equipe que presta atendimento (recepcionista, enfermeiro, técnicos, auxiliares, entre outros) é ter a certeza de que o paciente tenha compreendido tudo o que for importante para a saúde e bem-estar dele. A partir do momento que ele tem este entendimento, o paciente pode se tornar protagonista do seu cuidado.
Também é fundamental que o paciente se sinta acolhido, seja tratado com gentileza e empatia, já que, salvo exceções, encontra-se em momento de ansiedade, dor ou fragilidade quando chega até o atendimento médico. Colocar-se no lugar do outro é essencial.
Também em casos de atrasos no atendimento é mandatório que o paciente seja informado do tempo de espera previsto e questionado quanto à vontade de transferir seu exame ou consulta. A preocupação com o bem-estar do paciente é fundamental em qualquer que seja a fase do atendimento. E o descaso torna ainda mais incômodo um atraso eventual.
5 Dicas para facilitar a comunicação com o paciente
Em um artigo escrito para o British Medical Journal, o médico nefrologista Hugh Rayner defende esta clareza na comunicação com o paciente e dá algumas dicas de como tornar isto possível:
1. Evite o jargão clínico
Assim como as bulas de remédio no Brasil passaram por um processo de revisão para ficarem mais claras e acessíveis aos pacientes, os médicos e demais profissionais da saúde também podem fazer alterações pontuais no vocabulário para facilitar a compreensão. Por exemplo, “edema periférico” pode ser chamado e inchaço nas pernas e “fibrilação atrial” pode ser substituída por “pulso”.
2. Cuidado com termos que possam ser entendidos de outra forma
Há algumas palavras que são assimiladas pelo paciente de forma diferente do seu significado clínico. O termo “crônico” é um bom exemplo, muitas vezes entendido como um problema sério. É preferível substituí-lo por “persistente” ou por “longo prazo” sempre que possível. Da mesma forma a palavra “agudo”, que pode ser substituída por “súbito” ou “de curto prazo” para evitar que o paciente entenda como um problema grave.
3. Evite abreviações
No dia a dia, em meio à equipe da clínica ou em contato com outros médicos, é provável que muitas siglas e abreviações sejam adotadas por uma questão de agilidade e praticidade. No entanto, a maioria dos pacientes não sabe o que estas abreviações significam, então, melhor escrevê-las e pronunciá-las de forma completa. Por exemplo, substituir RM por ressonância magnética, US por ultrassom e TC por tomografia computadorizada.
4. Explique as abreviações quando surgirem
Se o paciente foi encaminhado por outro médico, clínica ou laboratório e recebeu orientações que contenham siglas e abreviações, coloque-se à disposição para explicá-las e esclarecer eventuais dúvidas.
5. Utilize frases diretas e claras
Se um paciente precisa passar por uma cirurgia, procedimento ou tratamento, seja direto e deixe claro que esta é uma necessidade. Frases como “é aconselhado que seja feita uma cirurgia” podem deixar a informação inconclusiva, abrindo margem para interpretação da real necessidade da tal cirurgia. Também seja direto em relação a urgências e prazos que devem ser seguidos pelo paciente.
Dica bônus: Sempre pergunte se o paciente tem dúvidas
Ao fim de cada atendimento pergunte ao paciente se ele tem alguma dúvida. Se necessário, peça para que ele lhe explique o que entendeu da orientação médica. É normal que após uma extensa explicação o paciente se sinta intimidado pela carga de informações e tenha vergonha ou nem saiba por onde começar a perguntar. Nestes casos, toque em pontos específicos e cruciais da orientação para ter certeza de que o paciente compreendeu os aspectos mais relevantes.