A infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) pode se manifestar de diferentes maneiras em cada pessoa, dependendo da carga viral e do próprio metabolismo do indivíduo. Ativo por dias ou semanas, o vírus é na maioria dos casos derrotado pelo sistema imunológico através da produção de anticorpos, eliminando os sintomas. Porém, os casos de sequelas da covid-19 ainda preocupam autoridades de saúde em todo o mundo.
Pesquisadores liderados pela Universidade College London mapearam a chamada covid longa em 3.762 pessoas de 56 países, incluindo o Brasil. Em artigo publicado em uma revista do grupo Lancet, foram divulgadas 203 condições que afetam 10 sistemas e órgãos de ex-pacientes infectados com covid-19. Destas, 63 condições foram monitoradas ao longo de sete meses.
É considerado uma sequela da covid-19 o sintoma que permanece após a chamada fase aguda da doença, que pode depender bastante de paciente para paciente, dependendo do quadro clínico. Em pessoas que não precisaram de atenção hospitalar a fase aguda costuma durar dias, nos quadros graves o período pode se estender por meses.
A covid longa é mais comum em pessoas que apresentaram o quadro grave da doença, mas ela também pode ocorrer em quem apresentou sintomas mais brandos.
Principais sequelas da covid-19 e consequências graves
Segundo matéria publicada no site do Hospital Albert Einstein, até 80% dos recuperados sentem ao menos um sintoma após a fase aguda da doença, que costuma desaparecer em até quatro meses. Os sinais mais comuns são:
– Fadiga, cansaço, fraqueza e mal-estar;
– Falta de ar ou dificuldade para respirar;
– Perda de paladar e de olfato;
– Dores de cabeça;
– Dores e/ou fraqueza nos músculos;
– Dificuldades de linguagem, raciocínio, concentração ou memória;
– Insônia;
– Depressão e ansiedade;
– Agravamento de doenças pré-existentes.
Apesar de boa parte destas sequelas desaparecer em uma questão de meses, há casos em que alterações podem ser mais graves ou persistentes, como:
Fibrose nos pulmões: nos casos mais graves que envolvem falta de ar, a covid pode evoluir para a fibrose pulmonar, que é a cicatrização do tecido após o dano, ou para a bronquiolite obliterante, quando as células não conseguem se recuperar da infecção.
Fibrose nos rins: a fragilização do organismo por conta da infecção pode acometer também os rins, gerando um processo de fibrose. Em alguns casos pode ocorrer insuficiência renal aguda e até necessidade de diálise.
Agravamento de doenças pré-existentes: pessoas que já tinham alguma condição clínica pré-covid podem ter seu quadro piorado, como é o caso do diabetes.
Ansiedade e depressão: os abalos mentais decorrentes da covid-19 podem ocorrer pelos mais diferentes fatores, muitas vezes agravados da já existente ansiedade generalizada que a própria pandemia provoca. Os principais dilemas relatados por pacientes envolvem o medo da morte, de reinfecção ou de alguém próximo contrair o vírus. Os sintomas de ansiedade também podem se manifestar fisicamente por meio de palpitações, sudorese, taquicardia, além de inquietação e preocupação exacerbada. Em muitos casos é necessário buscar ajuda profissional.
Recuperação pós-covid
Enquanto a ciência continua investigando as consequências dos casos mais prolongados de covid-19, é preciso que as pessoas se mantenham vigilantes quanto ao seu quadro clínico. Caso tenha contraído covid e se recuperado do quadro agudo, seja ele grave ou não, é preciso ficar atento a sintomas que possam indicar alguma sequela da doença.
O avanço da vacinação ainda é a melhor forma de combater a doença, porém, a pandemia ainda não acabou. Mantenha os cuidados quanto ao uso de máscara, distanciamento e higienização das mãos.
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