No mês de outubro o mundo parece se pintar de cor-de-rosa para levantar a questão do câncer de mama. No entanto, o verdadeiro significado do Outubro Rosa muitas vezes se perde em ações que não tenham verdadeira relação com a causa, muitas vezes focando em aspectos equivocados sobre a doença e sem promover a conscientização a que se propõe.
A primeira menção ao Outubro Rosa surgiu em 1990 nos Estados Unidos. O laço cor-de-rosa foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da Corrida pela Cura, realizada em Nova York. Em 1997 mais cidades norte-americanas passaram a promover esta conscientização, com foco na prevenção e no diagnóstico precoce, chamando a atenção por meio da iluminação e decoração temática de prédios e monumentos públicos.
A partir daí a campanha se espalhou pelo mundo e atingiu outros patamares, incluindo até o mundo da moda. No Brasil a primeira ação neste sentido foi a iluminação na cor rosa do Monumento-Mausoléu do Soldado Constitucionalista (também conhecido como o Obelisco do Ibirapuera), em São Paulo no ano de 2002. A partir de 2008 também passou a ser iluminado o Cristo Redentor, símbolo divulgado internacionalmente quando o assunto é Outubro Rosa pelo mundo.
O que todas estas ações têm a ver com o significado do Outubro Rosa?
Idealizado como uma ação de conscientização quanto ao câncer de mama, após quase 30 anos de Outubro Rosa é visível que o seu significado tem se perdido em algumas ações sem muito propósito, a não ser o apelo comercial. Afinal, o quanto as pessoas realmente aprenderam sobre o câncer de mama graças a estas campanhas?
Enquanto muito se fala sobre os dados preocupantes da doença pelo mundo, do autoexame e da promoção do exame de mamografia, pouco se fala sobre o que fazer em caso de diagnóstico. Pouco se fala do que as mulheres diagnosticadas enfrentam. Pouco se fala de como apoiar alguém que convive com a doença.
Falar sobre prevenção é importante, é claro, mas há pouca informação, por exemplo, sobre o câncer de mama ser, em muitos casos, uma doença inevitável, já presente na família. Há alguns hábitos e o estilo de vida que podem sim interferir nas chances de desenvolver um câncer, mas há um número significativo de pessoas que vivem de forma saudável e que também recebem o diagnóstico em algum momento da vida. Nestes casos, tratar o câncer como uma doença “evitável”, baseando-se somente no estilo de vida, pode até aumentar o estigma de quem recebe um diagnóstico, fazendo com que ela até se sinta culpada por estar com câncer de mama.
A prevenção do câncer de mama não é um assunto simples de se tratar. É preciso levar em consideração fatores genéticos, incentivar mulheres a investigarem casos de câncer na família (não apenas os de mama) e seguirem uma rotina de visitas ao médico, que irá indicar as melhores formas de se antecipar a um eventual diagnóstico, com o autoexame e exames preventivos de imagem, como ultrassom das mamas e mamografia, de acordo com cada caso. O que funciona para uma mulher nem sempre funciona para outra.
Consciente de que nem todo o alarde em torno do Outubro Rosa traz benefícios à sociedade, o projeto Think before you pink da Breast Cancer Action trabalha em prol da transparência e da relevância referentes à campanha. A organização se atenta principalmente a eventos e arrecadações que movimentam bastante dinheiro que nem sempre é revertido em benefício da causa do câncer de mama. Além disso, a organização busca promover a conscientização individualizada para tentar prevenir o aumento de casos da doença.
Outubro Rosa também é sobre apoio
Enquanto a maioria das campanhas foca apenas na conscientização sobre a existência e crescimento da doença e o que se pode fazer para evitá-la (o que nem sempre corresponde à realidade), há um grupo de pessoas que acabam esquecidas: as pacientes com câncer de mama.
Falar de conscientização do câncer de mama é prestar informações confiáveis, relevantes e não-alarmantes sobre a doença. É também ensinar a sociedade a ter empatia com as pacientes que convivem com a doença e lembrar que câncer não é uma sentença de morte. O diagnóstico precoce é realmente capaz de salvar vidas, mas isso também não significa que se trate de uma batalha fácil.
A Ecomax realiza continuamente ações educativas voltadas ao câncer de mama, tanto para pacientes com e sem a doença, como para profissionais de saúde. Nós entendemos que a batalha contra o câncer não é simples e nem sempre pode ser evitada. Além dos exames e dos profissionais médicos, o nosso objetivo também é o de acolher e amparar estas mulheres que enfrentaram, estão enfrentando ou que ainda enfrentarão esta doença.
