Atualmente, a hepatite é uma questão relevante para a saúde pública não somente no Brasil, mas também em todo o mundo. Diariamente, os mais variados tipos de hepatite atingem parte da população, causando grande impacto nas vias de tratamento público e privado, e também na taxa de mortalidade, que atinge diversas faixas etárias entre homens e mulheres.
Com um diagnóstico precoce é possível realizar um tratamento mais efetivo e que proporciona melhor qualidade de vida ao paciente, evitando o agravamento da doença para um quadro crônico e/ou com complicações, como por exemplo a cirrose avançada e o câncer hepático. Desta forma, a avaliação clínica e os exames diagnósticos adequados são essenciais para guiar o médico no acompanhamento da doença e tratamento adequado.
O que é a hepatite e quais tipos existem
Em linhas gerais, as hepatites são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos que ocasionam primariamente uma inflamação no fígado. A doença possui variações entre leve, moderada e grave e, para cada uma delas, podem surgir complicações distintas, como, por exemplo, insuficiência hepática, cirrose e câncer no fígado.
Estes agentes etiológicos, que são os causadores da doença, são os responsáveis pelos tipos de hepatite que conhecemos. Eles podem ser virais — vírus A, B, C, D e E — e não virais, causados por agentes tóxicos (drogas ou substâncias químicas), álcool, medicamentos, doenças metabólicas ou anormalidade do sistema imunológico. Conheça a seguir mais detalhes sobre cada um deles:
Hepatite A (HAV): é transmitida por alimentos ou água contaminados por fezes humanas que tenham a presença do vírus.
Hepatites B (HAB) e C (HCV): essas hepatites estão relacionadas com o contato do sangue contaminado. Portanto, essas doenças são bastante frequentes quando falamos de relação sexual e compartilhamento de objetos. Hoje em dia, um dos grandes problemas está relacionado aos usuários de drogas que compartilham seringas de aplicação ou canudo de aspiração de cocaína. Para evitar esses tipos de hepatite, pessoas que utilizam os trabalhos de manicures e pedicures devem ter seus próprios materiais. Gestantes portadoras dos tipos B e C também podem transmitir o vírus para o bebê durante a gestação e parto. Tanto a hepatite B quanto a hepatite C são completamente assintomáticas. As pessoas que têm o vírus não sabem disso e acabam contaminando outras pessoas. Existe vacina para hepatite B, porém, para a hepatite C não há. A vacina é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os cidadãos. As crianças devem se vacinar ao nascer e aos 2, 4 e 6 meses. Para os adultos que não se vacinaram na infância, são recomendadas três doses.
Hepatite D (HDV): é uma infecção causada pelo vírus D, também chamada de Delta, e está associada à presença do vírus B da hepatite (HBV). Existem duas formas de infecção pelo HDV: coinfecção simultânea com o HBV e superinfecção pelo HDV em um indivíduo com infecção crônica pelo HBV.
Hepatite E (HEV): a hepatite E é uma infecção causada pelo vírus E (HEV), que causa hepatite aguda de curta duração e autolimitada. Na maioria dos casos é uma doença de caráter benigno. A hepatite E pode ser grave na gestante e raramente causa infecções crônicas em pessoas que tenham algum tipo de imunodeficiência. O vírus é transmitido principalmente pela via fecal-oral pelo consumo de água contaminada. Outras formas de transmissão incluem: ingestão de carne mal cozida ou produtos derivados de animais infectados (por exemplo, fígado de porco), transfusão de produtos sanguíneos infectados e transmissão vertical de uma mulher grávida para seu bebê. Este tipo é raro no Brasil, sendo encontrado com mais frequência na Ásia e África.
Existem também outras hepatites não virais que podem ser um fator determinante para o surgimento da inflamação do fígado, dentre elas:
Hepatite alcoólica: causada pelo consumo excessivo de álcool.
Hepatite autoimune: causada devido a distúrbios do sistema imunológico.
Hepatite medicamentosa: causada pelo uso de medicamentos e outros compostos químicos que afetam e prejudicam diretamente o fígado.
Esteato-hepatite: causada devido ao acúmulo de gordura do fígado e pode ser associada a pessoas com sobrepeso, obesidade ou em pacientes com diabetes mellitus.
Quais são os sintomas de hepatite
Os sintomas da hepatite podem ser de classes e intensidades diferentes, variando desde formas subclínicas ou oligossintomáticas até formas fulminantes, evidenciando grande comprometimento hepático. Há também casos em que a doença surge de forma silenciosa ou que os sinais possam ser associados a outras enfermidades, dificultando o diagnóstico da doença. Ainda assim, podemos considerar como principais sintomas da hepatite:
– Cansaço;
– Febre baixa;
– Tontura;
– Enjoo, vômito e diarreia;
– Inchaço abdominal;
– Urina com coloração mais escura;
– Emagrecimento repentino sem causa aparente;
– Pele e olhos amarelados (icterícia).
Como é feito o diagnóstico de hepatite
O diagnóstico da hepatite é realizado através de um mapeamento cuidadoso da análise dos sintomas, histórico clínico e exames laboratoriais realizados com o paciente.
As enzimas hepáticas (ALT/TGO e AST/TGP) são marcadores sensíveis de lesão do parênquima hepático, porém, não são específicas para qualquer tipo de hepatite. A elevação da ALT/TGO geralmente é maior que da AST/TGP e já está alterada durante o período prodrômico. Níveis mais elevados de ALT/TGO, quando presentes, não guardam correlação direta com a gravidade da doença.
As aminotransferases, na fase mais aguda da doença, podem elevar-se dez vezes acima do limite superior da normalidade. Também são encontradas outras alterações inespecíficas, como elevação de bilirrubinas, fosfatase alcalina e discreta linfocitose eventualmente com atipia linfocitária.
A hepatite crônica é assintomática ou oligossintomática na grande maioria dos casos. De modo geral, as manifestações clínicas aparecem apenas em fases adiantadas de acometimento hepático.
Muitas vezes o diagnóstico é feito ao acaso, a partir de alterações esporádicas de exames de avaliação de rotina ou da triagem em bancos de sangue. Não existem manifestações clínicas ou padrões de evolução patognomônicos dos diferentes tipos de vírus. O diagnóstico etiológico só é possível por meio de exames sorológicos e/ou de biologia molecular.
Além disso, a evolução da tecnologia possibilita que alguns exames por imagem, como a ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, que são realizados pela Ecomax, sejam ferramentas muito eficientes para avaliar a saúde do fígado e realizar o acompanhamento da evolução de uma doença ou tratamento específico.
Em todos os casos, vale ressaltar que o diagnóstico precoce da doença é crucial para preservar a saúde do paciente da melhor forma possível. Por este motivo, realizar visitas regulares ao médico e manter os exames de rotina em dia é essencial.
Como prevenir a hepatite
Por mais que seja uma doença de certa complexidade, os cuidados necessários para prevenir a hepatite são simples e podem ser facilmente incorporados ao dia a dia. Como principais orientações podemos destacar:
– Manter as vacinações e exames de rotina em dia;
– Higienizar os alimentos antes do consumo;
– Beber apenas água filtrada;
– Lavar muito bem as mãos antes e depois de se alimentar;
– Ter relações sexuais somente com o uso de preservativo;
– Não compartilhar itens de uso pessoal;
– Exigir o uso de materiais descartáveis ou esterilizados em salões de beleza, estúdios de tatuagem e atividades similares.
Como é realizado o tratamento para hepatite
A hepatite tem cura na maioria dos casos, mudando de situação apenas quando o paciente não é diagnosticado ou tratado corretamente, podendo evoluir para complicações mais severas e a forma crônica da doença, prejudicando o funcionamento hepático e contribuindo para risco de cirrose e câncer de fígado. As orientações e o tratamento mais adequado para a hepatite irão variar de acordo com o tipo da doença e com as condições de saúde do paciente tratado.
Se a doença se manifestar de forma leve, o tratamento para hepatite está relacionado com repouso, boa alimentação e hidratação. Já em casos de intensidade moderada e grave, são adicionados ao tratamento recursos medicamentosos para intensificar a efetividade da recuperação, além de exames com maior frequência para acompanhar o quadro do paciente.
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