Por que precisamos falar sobre a saúde mental dos homens

Discutir a saúde mental dos homens é um tema que ainda encontra muita resistência na nossa sociedade, principalmente por parte deles. Além de tradicionalmente buscarem menos assistência médica preventiva, os homens são menos propensos a conversar sobre suas emoções, angústias e ansiedades.

Mas simplesmente ignorar o assunto está longe de resolver o problema. Dados do Ministério da Saúde apontam que a taxa de mortalidade por suicídio entre homens é de 9,2 para cada 100 mil. Este índice é quase quatro vezes maior do que o registrado entre mulheres. Não encarar a depressão como uma doença é um dos fatores que os impede de buscar tratamento adequado.

Dentre os principais distúrbios mentais que mais afetam os homens, destacam-se:

– Ansiedade;

– Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH);

– Desordem do espectro do autismo;

– Transtorno bipolar;

– Transtorno de personalidade;

– Depressão;

– Distúrbios alimentares;

– Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC);

– Transtorno de estresse pós-traumático;

– Psicose;

– Esquizofrenia;

– Abuso de substâncias e dependência química;

– Pensamentos suicidas.

As origens e consequências de não tratar adequadamente a saúde mental dos homens

Trata-se de um problema cultural com raízes profundas. Ao mesmo tempo em que o homem moderno enfrenta cobranças relacionadas a emprego, carreira e estabilidade familiar, por exemplo, ainda existe uma ideia de que, além de tudo isso, eles devem se manter inabaláveis e não precisam entrar em contato com suas emoções.

A ideia da masculinidade, embora progressivamente desconstruída, ainda valoriza muito o silêncio masculino, interpretando-o como uma prova de virilidade, o que não é verdade. Ao engolirem seus sentimentos e frustrações, eles acabam prolongando e intensificando sua angústia, resultando em problemas de saúde, psicológicos e comportamentais.

Um exemplo está nos casos de impotência sexual de origem emocional. Frequentemente relacionada a fatores como estresse, ansiedade e baixa autoestima, ela acaba atingindo o orgulho masculino que relaciona virilidade à potência sexual. Isso cria um efeito bola de neve na mente do homem, que, já sofrendo com o estresse, agora tem mais uma preocupação.

Sem saber lidar com a situação e relutantes em buscar atendimento profissional, muitos homens acabam se tornando dependentes químicos, principalmente do álcool. Porém, ao tentar encobrir sintomas ou esquecer seus problemas, eles acabam acumulando problemas de saúde, como doenças cardíacas e hepáticas, além de potencializarem os problemas psicológicos já existentes.

Sinais de alerta e busca por ajuda

Por culturalmente lidarem com as emoções de maneiras diferentes, homens e mulheres podem apresentar sintomas distintos relacionados a distúrbios mentais. O silêncio deles pode tornar diagnóstico mais tardio e prejudicar a convivência com a família, amigos e no trabalho. A ideia de que eles são “naturalmente” agressivos também prejudica a identificação de algum problema por parte de pessoas próximas, por isso, é importante ficar atento a estes sinais:

– Raiva, irritabilidade ou agressividade;

– Alterações perceptíveis de humor, energia ou apetite;

– Dificuldade para dormir ou dormir demais;

– Inquietação e dificuldade de concentração;

– Maior preocupação ou sentimento de estresse;

– Maior necessidade de álcool ou drogas;

– Tristeza ou desesperança;

– Pensamentos suicidas;

– Pessimismo exacerbado;

– Participação em atividades de alto risco e comportamento irresponsável;

– Dores de cabeça contínuas, problemas digestivos ou de dor;

– Pensamento obsessivo ou comportamento compulsivo;

– Qualquer tipo de pensamento ou comportamento incomuns para aquela pessoa e que interfiram ou não nas relações com a família, amigos e trabalho.

Nem sempre a pessoa que está passando por problemas psicológicos será a primeira a perceber ou a buscar ajuda. Por isso, é importante se manter vigilante em relação a si mesmo e às pessoas próximas. Como em muitos casos homens têm resistência em buscar ajuda médica ou psicológica, o primeiro passo ao perceber estes sintomas com alguém próximo é se mostrar aberto à conversa e manter uma atitude realmente acolhedora e sem julgamentos.

Vivemos em um mundo que pode ser realmente sufocante para todos nós, sem distinção de gênero. Oferecer e buscar ajuda é um ato de amor consigo próprio e de respeito com todas as pessoas que fazem parte da sua vida.

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