Historicamente, a saúde do coração recebe um alerta reforçado para os homens. Porém, doenças cardíacas em mulheres têm se tornado mais frequentes e estão começando a se manifestar mais cedo. Os números de infarto, insuficiência cardíaca e outras condições clínicas têm se mostrado cada vez mais democráticos, estendendo a conscientização sobre a saúde do coração a pessoas de ambos os sexos.
Atualmente 30% das pessoas que sofrem infarto são mulheres, e a cada ano elas estão mais expostas ao risco. Mais de 200 mulheres morrem a cada dia no Brasil vítimas de infarto e as doenças cardiovasculares continuam sendo a primeira causa de morte de mulheres no mundo. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a soma de problemas cardíacos e cerebrovasculares, como AVC, supera em seis vezes os causados pelo câncer de mama.
Porém, o cuidado específico com este órgão ainda esbarra na falta de conscientização destinada a elas e em estudos científicos que sub-representam esta população. Com o aumento da exposição a fatores de risco, sobem também as ocorrências de mulheres com problemas cardíacos – e cada vez mais jovens.
Fatores de risco para doenças cardíacas em mulheres
Sobrepeso, sedentarismo e tabagismo estão entre os principais fatores de risco associados a problemas cardíacos em mulheres – o último é a principal associação quando a doença se manifesta antes da menopausa. A alta incidência destes fatores chama a atenção para a necessidade de elas redobrarem os cuidados com o coração:
– Cerca de 40% apresentam aumento da circunferência abdominal;
– Mais de 20% fumam;
– 18% são ex-fumantes;
– 12% apresentam pressão arterial acima do ideal;
– 21% apresentam alteração nos níveis de colesterol.
Além disso, mulheres precisam estar mais atentas ao histórico de doenças cardíacas na família, além de doenças inflamatórias, autoimunes e obesidade. O uso da pílula anticoncepcional, associado a qualquer um dos fatores citados anteriormente, também pode potencializar o desenvolvimento de problemas cardíacos.
O estresse é outro fator que deve ser observado, principalmente quando a mulher vive em uma situação de tensão contínua. Isso porque esta tensão faz com o que o cérebro estimule glândulas a secretar determinados hormônios que elevam a pressão arterial e a frequência cardíaca. Viver sob esta condição o tempo inteiro não é saudável mentalmente ou fisicamente.
Sintomas e prevenção
Muito se dissemina que os principais sintomas de um ataque cardíaco são uma dor fulminante no peito e formigamento no braço esquerdo, o que é verdadeiro, mas não em todos os casos. O infarto pode apresentar sintomas bem diferentes, com falta de ar, cansaço, tontura, náuseas e vômito.
O problema é que estes sinais são comuns a uma série de outras doenças e quadros clínicos. O costume de associar doenças cardiovasculares primordialmente a homens e sinais nem sempre típicos acaba deixando este tipo de suspeita muito atrás na investigação clínica, principalmente nas mulheres, muitas vezes atrasando o diagnóstico.
Apesar da idade estar entre os principais fatores para a manifestação destas doenças, principalmente após os 50 anos com a menopausa, os cuidados preventivos e a vigilância com a saúde do coração devem começar cedo, principalmente se a mulher apresentar algum dos fatores de risco mencionados anteriormente.
As mulheres podem prevenir doenças cardiovasculares das seguintes maneiras:
– Realizando testes de rotina, monitorando os níveis de colesterol e pressão arterial;
– Parando de fumar, caso seja fumante;
– Controlando o próprio peso de maneira saudável, sabendo qual a circunferência abdominal e o percentual de gordura ideais para o seu corpo e idade;
– Mantendo uma alimentação balanceada, evitando alimentos altamente gordurosos, industrializados e repletos de sódio e conservantes;
– Realizando atividade física regularmente;
– Conversando com o médico ginecologista sobre qualquer quadro de saúde ou estilo de vida que possa ser perigoso se combinado com o uso de métodos contraceptivos hormonais;
– Caso tenha histórico de doença cardíaca na família, buscar orientação médica sobre eventuais exames adicionais que possam ser realizados preventivamente;
– Redobrar a atenção a partir dos 40 anos, pois a queda nos níveis de estrogênio pode favorecer o surgimento de doenças cardiovasculares.
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